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SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL SE ORGANIZA PARA RETOMADA DAS VENDAS

Após um ano difícil para o setor da construção civil no país, 2017 deve representar o início da retomada nas vendas e nos lançamentos. Mas tudo depende, claro, do desenrolar das crises política e econômica nos próximos meses, segundo especialistas.

Como explica Luiz Antonio França, presidente da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), a recuperação do setor está ligada, principalmente, a três fatores: redução de taxas de juros, baixo nível de desemprego e marcos regulatórios adequados.

Esses fatores afetam tanto a confiança do consumidor, que estará mais disposto a investir em imóveis, quanto a das incorporadoras, que terão menos riscos de prejuízo.

Para França, porém, ainda há um bom caminho até que essas condições ideais sejam realidade. "Isso não quer dizer que 2017 será um ano morto, mas a melhora deve vir mesmo em 2018", diz ele.

O número de novos empreendimentos, por exemplo, não deve aumentar muito em relação a 2016, quando foram lançadas 69.800 unidades, 9% a mais do que em 2015, segundo dados da Abrainc.


TENDÊNCIAS

Em meio a esse cenário, quais tipos de imóveis devem ter mais destaque em 2017?

Senra, do Sinduscon-SP, acredita que empreendimentos mais compactos, com um ou dois quartos, próximos a estações de metrô e de até R$ 700 mil devem ser os mais procurados.

Também deve haver uma grande procura por imóveis populares, financiados pelo programa Minha Casa, Minha Vida, diz Manuel Martins, coordenador executivo da Fundação Vanzolini, ligada a professores da Escola Politécnica da USP. "Muitas construtoras estão voltadas para esse mercado, cuja demanda continua alta, apesar da crise", explica.

PLANTAS MENORES

Em cinco anos, os imóveis brasileiros perderam espaço equivalente a uma sala de 20 m²: o tamanho médio caiu de 120,7 m² em 2011 a 101 m² em 2016, redução de 16%.

Essa foi uma das principais conclusões de levantamento feito em março pela Neoway Criactive, empresa de big data especializada em análise de mercado, com base em 28 milhões de registros de obras no CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) e no CAU (Conselho de Arquitetura e Urbanismo).

O número médio de dormitórios também caiu de 2,9 em 2011 para 2,5 em 2016.

"Nas grandes cidades, há uma tendência de diminuição dos apartamentos e de um crescimento de áreas compartilhadas nos condomínios", afirma Flavio Amary, presidente do Secovi-SP.

Em São Paulo, os imóveis ficaram ainda mais apertados do que a média nacional: de 141,4 m² para 104,3 m², redução de 26%. Já a média do número de quartos, que era de 3,2, foi para 2,4 em 2016.

A pesquisa também mostrou que os empreendimentos de luxo perderam espaço no mercado. Aqueles considerados de padrão alto/médio alto (acima de R$ 500 mil) passaram a representar 25% do total em 2016, ante os 33% cinco anos antes.

Os de médio padrão (entre R$ 200 mil e R$ 500 mil), por outro lado, foram de 36% para 44% do total. "A população ficou mais pobre, o que estimulou um maior volume de lançamentos de empreendimentos do tipo", observa Cristina Della Penna, diretora da Neoway Criactive.

Em relação ao índice de lançamentos, houve diminuição considerável no período. A pior queda foi sentida em 2016, de 46,6% em relação a 2015. A pesquisa estima que haja aumento no número de unidades em 2017.

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